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Nabo forrageiro: muito além da cobertura do solo

Publicado em 23 de novembro de 2022

Considerado uma planta de outono/inverno, o nabo forrageiro (Raphanus sativus) é uma interessante alternativa de cultivo para o vazio outonal, capaz de proporcionar significativas contribuições para o sistema de produção de grãos. Sob condições adequadas de cultivo, o nabo forrageiro pode proporcionar cobertura de até 70% do solo em 60 dias, além de possuir efeito elelopático sobre algumas espécies de plantas daninhas, contribuindo para o manejo e controle delas.

Conforme destacado por Carvalho et al. (2022), o nabo forrageiro é muito associado à sua capacidade de descompactar o solo em virtude do seu denso e bem desenvolvimento sistema radicular pivotante, atuando como agente biológico na descompactação e ciclando nutrientes do solo. Sendo assim, a planta se adapta bem a solos densos ou compactados.

O nabo forrageiro pode ser utilizado como planta de cobertura ou adubo verde e possui capacidade de produção média de biomassa variando entre 20 – 65 t ha-1 e de matéria seca variando entre 3 – 9 t ha-1. O ciclo da cultura até o florescimento é de 60 a 90 dias (Carvalho et al., 2022).

Semeadura do nabo forrageiro

Conforme orientações, Carvalho et al. (2022) destacam que a semeadura do nabo forrageiro deve ser realizada preferencialmente de abril a maio, com possibilidade de semeadura de junho a julho, entretanto, com algumas restrições. Normalmente a semeadura é realizada a lanço, recomendando-se a utilização 15 kg ha-1 de sementes. Já quando a semeadura é realizada na linha, recomenda-se o uso de 12 kg ha-1 de sementes, utilizando o espaçamento de 0,25m. Ainda existe a possibilidade de misturar as sementes do nabo com fertilizantes ou corretivos para facilitar a distribuição a lanço. Nesse caso, recomenda-se o uso de 1 kg de sementes para cada 50 kg de fertilizante ou corretivo.

Em virtude do seu denso sistema radicular, o nabo forrageiro consegue ciclar alguns nutrientes do solo. Embora acumule-os em sua biomassa, após a degradação e mineralização dos resíduos culturais do nabo, esses nutrientes tendem ficar disponíveis no solo para as culturas sucessoras. A decomposição da palhada do nabo forrageiro fornece, em média 63,5 kg ha-1 de N, 4,5 kg ha-1 de P e 78,5 kg ha-1 de K (Carvalho et al., 2022).

Após decomposição e mineralização dos resíduos culturas do nabo forrageiro, esses nutrientes estarão disponíveis para a cultura sucessora, contribuindo para o melhor crescimento e desenvolvimento vegetal, podendo inclusive, resultar em aumento produtivo controle observado por Kochhann et al. (2003), que constataram incremento produtivo do trigo cultivado em sucessão ao nabo forrageiro.

Os nutrientes acumulados pelo nabo forrageiro são ligeiramente liberados ao solo pela rápida degradação dos resíduos culturas que apresentam baixa relação C/N. Embora essa seja uma característica desejável, também representa a baixa persistência da palhada no nabo na superfície do solo, sendo essa, uma limitação da cultura quando o objetivo é promover cobertura prolongada do solo.

Além disso, cabe destacar que o nabo forrageiro é muito suscetível ao mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), sendo considerada uma planta hospedeira da doença. Dessa forma, áreas com histórico de ocorrência da doença podem não ser as melhores para o cultivo do nabo forrageiro. Outro problema está relacionado a aquisição das sementes do nabo forrageiro, em virtude da grande suscetibilidade da planta ao mofo-branco, é comum observar a presença de escleródio (estruturas reprodutivas) do mofo-branco em sementes de nabo forrageiro, sendo essa, uma das principais fontes de inóculo da doença. Dessa forma, recomenda-se a aquisição de sementes certificadas, com sanidade conhecida e livre de patógenos.

Fonte: + Soja